Especialistas analisam possibilidades para evitar guerra comercial com os EUA e prejuízos para empresas brasileiras

  • 14/07/2025
Especialistas analisam possibilidades para evitar guerra comercial com os EUA O Jornal Nacional ouviu especialistas sobre os caminhos que o Brasil pode adotar na negociação com os americanos. Como a economia brasileira é muito interligada à americana, qualquer resposta precisa ser bem calculada, segundo os especialistas. O professor da USP Feliciano Guimarães diz que o momento é de negociar para evitar uma guerra comercial - que traria muito mais prejuízos para o Brasil. Os Estados Unidos são nosso segundo maior parceiro, atrás apenas da China. "O Brasil precisa fazer uma aliança de duas frentes: uma aliança com outros países que estejam em situação similar ao Brasil e uma aliança com setores da economia americana que serão muito atingidos pelas tarifas”, afirma Feliciano Guimarães, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP. Mas, se for preciso adotar medidas recíprocas, especialistas dizem que a penalidade tem que ser aplicada em setores estratégicos, que possam convencer os americanos a recuar. O professor de Relações Internacionais Carlos Gustavo Poggio, por exemplo, defende que o Brasil seja criativo porque, segundo ele, aplicar exatamente a mesma tarifa aos produtos americanos pode ser um tiro no pé: "Eu acho que não seria inteligente que o Brasil simplesmente colocasse 50% sobre os produtos importados dos Estados Unidos. Veja você que, por exemplo, o Brasil importa maquinário dos Estados Unidos. Então, se uma empresa vai decidir trocar sua máquina ou comprar peças para sua máquina e, de repente, de uma hora para outra, o preço dessa máquina subiu mais de 50%, isso vai colocar um problema na cadeia produtiva do Brasil”. Uma das possibilidades é a chamada retaliação cruzada. Mas os próprios especialistas dizem que o Brasil só pode usar esse tipo de recurso depois de esgotar todas as negociações. "O Brasil poderia se inspirar, por exemplo, no que fez com uma negociação com os próprios Estados Unidos em 2010, no setor do algodão, onde a OMC, a Organização Mundial do Comércio, autorizou que o Brasil utilizasse uma retaliação cruzada. No caso do Brasil, por exemplo, o setor de serviços e o setor de propriedade intelectual. Esses são os dois setores que o Brasil teria mais chance de poder retaliar os Estados Unidos, e é um dos setores que, de fato, exerceria alguma pressão sobre os Estados Unidos”, afirma Carlos Gustavo Poggio. O Brasil não tem um histórico de impor medidas amplas quando considera ter sido alvo de tarifas injustas. Nas últimas décadas, o país recorreu a ações pontuais para se defender de sobretaxas. Um dos casos mais recentes foi no primeiro mandato de Donald Trump. Em 2018, quando o presidente americano impôs tarifas ao aço e ao alumínio, o Brasil negociou uma cota de exportação e ofereceu contrapartidas - como a redução de barreiras a produtos agrícolas americanos. Segundo o professor Cláudio Finkelstein, da PUC de São Paulo, o temperamento imprevisível de Trump embaralhou as regras do jogo. Mas ele lembra que, com vários países, o presidente americano acabou cedendo e fechou acordos com taxas menores: "Qualquer atitude atabalhoada de enfrentamento não é razoável. O que é razoável é, diplomaticamente, negociar. Essa mecânica de negociação imposta pelo governo Trump é uma novidade no mundo. Mas alguns países estão conseguindo se adequar. Então é importante negociar para trazer essas tarifas a um valor mais razoável”. O professor da USP diz que, neste momento, a prioridade deveria ser encontrar uma forma de convencer o governo americano a adiar as tarifas e que a adoção de medidas recíprocas deve ser usada só em último caso. "O objetivo é você ganhar tempo. A taxa brasileira nesse momento é a mais alta aplicada, né? De 50% em todos os setores. Isso inviabiliza o comércio brasileiro para os Estados Unidos em todos os setores. Eu acho que o governo brasileiro está se preparando para ter todos os instrumentos necessários, caso isso seja necessário. Deve ser a última medida. Só pode acontecer - e se acontecer - depois que se exaurirem todos os processos de negociação e o governo brasileiro realmente ficar sem opção. E, se caso ocorra a retaliação, tem que ser muito bem calibrada”, diz Feliciano Guimarães, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP. LEIA TAMBÉM Tarifaço de Trump: governo Lula seguirá na defesa da soberania para fragilizar Bolsonaro e seu grupo Tarifaço de Trump: em reunião com ministros, Lula pediu 'firmeza e sobriedade' nas negociações UE considera tarifa de 30% de Trump 'inaceitável', mas tentará negociar, diz ministro dinamarquês Trump ameaça 'tarifas severas' de 100% à Rússia caso não haja cessar-fogo na Ucrânia em até 50 dias

FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/07/14/especialistas-analisam-possibilidades-para-evitar-guerra-comercial-com-os-eua-e-prejuizos-para-empresas-brasileiras.ghtml


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