Intoxicações por metanol: laboratório da USP em Ribeirão Preto vai receber amostras para análises em até 1 hora
02/10/2025
(Foto: Reprodução) Intoxicações por metanol: USP de Ribeirão Preto vai ajudar em análises de amostras
A USP de Ribeirão Preto (SP) conta com um dos laboratórios no estado de São Paulo que vai receber amostras de pacientes com suspeita de intoxicação por metanol capacitados para emitir laudos em até uma hora (entenda abaixo como funcionam os testes). A expectativa é de que pelo menos dez casos sejam encaminhados à unidade do interior para reforçar os trabalhos da capital.
Além de Ribeirão Preto, as análises serão direcionadas para Botucatu (SP) e Campinas (SP), com o objetivo de agilizar os diagnósticos, diante do aumento de casos suspeitos.
"Todo o equipamento está preparado para análise de metanol, apesar de o método avaliar outros voláteis, o interesse agora é o metanol. (...) A análise em si, a partir do momento que a amostra sai do frasco de onde foi recebida, como foi recebida pelo hospital, até a entrega do resultado, a finalização do resultado pelo equipamento, demora 30 minutos", afirma Brino Spinosa de Martinis, professor de química da USP.
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Frascos de máquina usada na USP de Ribeirão Preto para identificar amostras com metanol.
Cacá Trovó/EPTV
Balanço divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde nesta quinta-feira (2) aponta 11 casos confirmados de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, incluindo uma morte, e mais 41 casos sob investigação, com cinco mortes suspeitas entre eles.
O metanol é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. É incolor e com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum e usado para fins industriais em solventes e outros produtos químicos.
Em contato com o organismo de uma pessoa, ataca o fígado e, partir de então, desencadear problemas na medula, cérebro e sistema nervoso, podendo levar à cegueira ou mesmo à morte.
Laudos em até 1h: como funciona o teste
A técnica de referência para apontar a intoxicação por metanol é aplicada desde os anos 2000 na USP de Ribeirão Preto para detectar principalmente a presença de etanol no organismo e ajudar investigações policiais a apontar se alguém ingeriu ou não bebida alcoólica em determinada situação.
"Nós fazíamos as análises para o IML, dos núcleos de Ribeirão Preto. [São José do] Rio Preto e Araraquara. E nesse método, tinha o metanol previsto, porque a gente nunca espera que pode aparecer um caso de intoxicação por metanol, mas era muito raro aparecer. A gente sempre encontrou mesmo o etanol, que era o que tinha maior interesse, por causa de acidentes de trânsito", afirma Martinis.
Brino Spinosa de Martinis, professor de química da USP Ribeirão Preto.
Cacá Trovó/EPTV
Hoje direcionado para agilizar as suspeitas de intoxicação por metanol, o procedimento ocorre em uma máquina chamada de "cromatógrafo em fase gasosa", que funciona de maneira autônoma e analise uma amostra, que pode ser de sangue ou de urina, por vez.
A máquina é abastecida com pequenos frascos de vidro, que armazenam o sangue ou a urina dos pacientes. Uma vez colocado na máquina, o frasco é aquecido e agitado. A partir disso, compostos que evaporam com maior facilidade como o etanol e o metanol se desprendem do sangue ou da urina e ficam dentro de um compartimento em forma de vapor.
Na etapa seguinte, uma seringa da própria máquina capta apenas esse vapor e, então, o analisa, para apontar se é de metanol ou etanol, por exemplo. Além de confirmar se existe ou não metanol na amostra, o equipamento, conectado a um computador, para elaboração de gráficos, também aponta a quantidade.
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Para isso, recebe parâmetros específicos com outros frascos com quantidades de referência da substância investigada para possibilitar a comparação.
"Para fazer a quantificação, eu faço uma curva de calibração, ou seja, fortifico amostras com diferentes concentrações de metanol, faço um gráfico e, a partir desse gráfico, eu consigo quantificar o que eu tenho em uma amostra real", explica.
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Do início ao fim, o processo para cada frasco leva de 30 a 40 minutos. Martinis lembra que é muito importante que as amostras sejam coletadas dos pacientes no menor tempo possível após a ingestão da bebida suspeita e que, quanto mais rápida a coleta, mais viável o resultado.
O professor ressalta que não há quantidade mais grave ou menos grave de metanol. Por se tratar de uma substância extremamente tóxica, qualquer volume ingerido, se encontrado, já é considerado alarmante.
"Trinta minutos é o tempo padrão para a gente aqui. A partir desse momento, a gente vai ter a resposta da quantidade de etanol, de metanol, de todos os compostos que foram para a fase de vapor, depois desse aquecimento de incubação."
Casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas estão sendo investigados
TV Globo
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