Obras em Itapoá vão permitir chegada de navios maiores e alargamento de praias em Santa Catarina
01/11/2025
(Foto: Reprodução) Drenagem de portos leva areia para alargamento de praias em Santa Catarina
Os portos de Itapoá e São Francisco do Sul, na Baía da Babitonga (SC), serão os primeiros do Brasil aptos a receber navios de até 366 metros com carga máxima. A obra de aprofundamento do canal começou nesta segunda-feira e deve terminar no segundo semestre de 2026. A ampliação deve gerar até 45 mil empregos até 2035, frente aos 8 mil atuais.
A areia retirada do fundo do mar será usada para alargar três praias de Itapoá, totalizando oito quilômetros — a maior faixa de areia já criada no país. O Ibama propôs o reaproveitamento dos sedimentos e acompanha a obra com 22 programas de monitoramento ambiental, incluindo redes para proteger animais marinhos.
Obras em Itapoá vão permitir chegada de navios maiores e alargamento de praias em Santa Catarina
Reprodução
Com o passar dos anos, o mar avançou sobre as praias de Itapoá, no Norte catarinense. “Nós não tinha mais praia. Era só beira mesmo, porque praia já não tinha mais”, conta a pescadora aposentada Janete Nunes de Jesus.
Agora, o cenário está mudando. O maquinário trabalha sem parar. “Surpreende porque, não faz muito tempo, a gente esteve aqui e não tinha nada. Era maré ali, nas pedras”, diz a dona de casa Gisela Bier.
A areia é retirada a 16 metros de profundidade no fundo do mar. O trabalho é feito por uma draga, uma embarcação de 166,5 metros de comprimento, que opera 24 horas por dia. Em determinados períodos, ela chega mais perto da costa para despejar o material. São 18 mil metros cúbicos de areia a cada viagem — o equivalente a dois mil caminhões descarregando ao mesmo tempo.
“A areia é limpa, é uma areia que já foi vastamente estudada e que é compatível com o ambiente que nós temos aqui”, explica Vinícius Delfim, gerente de contratos da empresa responsável pela obra.
Três praias serão alargadas, somando oito quilômetros de extensão. Em trechos onde a faixa quase desapareceu, a largura agora vai variar de 35 a 200 metros. “Essa diferenciação é em virtude das características ambientais. Então, nós temos que replicar o ambiente que existia antigamente”, completa Delfim.
O Ibama aprovou o projeto e acompanha todo o processo com 22 programas de monitoramento.
“Se teve algum óbito de algum animal, como é que esses animais estão se comportando no local — tudo isso é importante pra gente entender a dinâmica do ambiente ao longo desse processo”, afirma Paulo Maués Filho, superintendente do órgão em Santa Catarina.
A areia usada vem do canal de acesso à Baía da Babitonga, a maior baía navegável de Santa Catarina. Com a obra, a profundidade vai passar de 14 para 16 metros, o que vai permitir a chegada de navios maiores aos portos de Itapoá e São Francisco do Sul.
“Receberemos então pela primeira vez no Brasil navios de 366 metros com plena capacidade de carga. Isso é mais benefício pra toda a cadeia logística, diminui custos e aumenta a velocidade da operação”, diz Cleverton Vieira, presidente do Porto de São Francisco do Sul.
“Cada contêiner movimentado deixa na cadeia de abastecimento 15 mil reais — desde a receita que ele gera pro terminal, ao frete pro caminhoneiro, e potenciais despesas logísticas. Isso mostra a relevância do aprofundamento do canal de acesso da Baía da Babitonga pra economia nacional”, explica Felipe Kaufmann, diretor de Desenvolvimento de Negócios do Porto de Itapoá.
A obra deve terminar no segundo semestre do ano que vem. “A gente nunca viu uma coisa disso, né? Tirar e botar tanta areia aqui, que a praia era baixa, agora tá alta até”, comenta Janete Nunes de Jesus.
